Alan Brizotti
Alguém disse que "o ódio é assinado, mas a inveja é anônima". Essa clandestinidade, esse caráter oculto, acaba por criar uma armadilha mortal, pois não conseguimos perceber que nossos atos e palavras, às vezes, são motivados pela mesma inveja que facilmente diagnosticamos na conduta do outro. Como disse William Hazlitt, "nós facilmente convertemos nossos vícios em virtudes, e as virtudes dos outros em vícios".
A inveja sempre foi um assunto estranho. Sempre gerou reações. É difícil falar ou ler sobre ela sem ser atingido pelo assunto. A inveja tem a capacidade de esconder-se, agir sem despertar aplausos. Zuenir Ventura escreveu: "O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde". O professor Gabriel Perissé acertou em cheio quando escreveu o que pensa um invejoso: "que ninguém veja a minha inveja... nem eu".
O invejoso vive ruminando angústias, mastigando amarguras. Nunca confessa sua inveja, pois é humilhante demais reconhecer que inveja o outro. É uma verdadeira tortura. O cúmulo da inveja é quando o invejoso passa a invejar os que conseguiram livra-se da inveja! É um ciclo do mal. Uma praga que habita a intimidade. Uma espécie de diabolização que faz com que tudo que o outro possuir despertará a dor da alma. Uma frase antiga diz: "Não grite alto a tua vitória, pois a inveja tem o sono leve!"