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Romanos 10.14...
"... Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?..."

19 de out. de 2010

Jesus como homem teve impulsos sexuais?


Um internauta que se identificou simplesmente como Jean fez-me a seguinte pergunta: O Senhor Jesus possuía impulsos sexuais normais como nós, humanos, ou, não os tinha por ser apenas semelhante, e não igual aos homens? Que Deus continue te abençoando e usando-o como um vaso. Amém!

Alguém, em uma sala VIP para supereruditos, afirmou “indiretamente” (risos) que eu fujo das perguntas, que só publico o que me convém, etc. Não é bem assim... Caso contrário, evitaria responder à presente indagação, a qual, reconheço, é difícil. Mas, como ela é também muito pertinente; e como, por graça de Deus, estou inteiramente seguro do posicionamento que defendo, à luz da Bíblia — caso contrário, sequer entraria nessa discussão, que não é uma mera questiúncula —, procurarei responder à tal pergunta a partir de agora.

Nós, os seres humanos, somos tentados, e a nossa tentação provém de três fontes distintasdiabólica (o Diabo é o Tentador); mundana (as pessoas do mundo, os prazeres do mundo, etc.); e carnal. Ou seja, somos tentados de fora para dentro (Diabo e mundo), mas também a partir da nossa origem decaída, adâmica, carnal (Gl 6.19-21).

Ah, então Adão, o primeiro homem, não foi tentado a partir de sua própria natureza? Não é bem assim. Deus dotou o primeiro casal (Adão e Eva) de livre-vontade, o que incluía a possibilidade de pecar. O que vemos em Gênesis 3.6? Eva desejando comer o fruto proibido. O que é isso, senão a combinação das tentaçõesdiabólica (de fora) com a humana (do próprio coração)?

O Senhor Jesus é diferente de nós, que herdamos os efeitos deletérios da Queda; e é diferente de Adão, o primeiro homem. Por isso, a Palavra de Deus afirma que o primeiro Adão é terreno; Cristo, o último Adão, é celestial (1 Co 15.47). Como assim? A Bíblia não diz que Ele em tudo foi tentado? Sim, está escrito em Hebreus 4.15: “não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

Nesse caso, Jesus foi submetido a todo o tipo de tentação humana? Não. E é aqui que surge a necessidade de valorizar a informação bíblica de que Jesus fez-se semelhante a nós, e não igual a nós. Essa informação é mencionada de modo direto no próprio livro de Hebreus —“Pelo que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (2.17,18) e também em Filipenses 2.6-8 e Romanos 8.3.

Como a Bíblia é análoga, fica claro que o “tudo” de Hebreus 4.15 alude a todo o tipo de tentação que vem de fora. O Senhor Jesus, diferentemente de nós, não tinha o germe do pecado, e por isso só foi tentado por Satanás e pelo mundoO Segundo Adão, ainda, diferentemente do primeiro Adão, não era um ser criado, mas o próprio Deus encarnado (Jo 1.14).

o próprio Deus encarnado não poderia pecar em hipótese alguma! Afinal, Ele nunca, jamais, deixou de ser Deus! Ele não abriu mão de sua santidade como atributo perfeito em momento algum. E um ser Santo em absoluto jamais poderia ter pensamentos ou desejos pecaminosos.

O Segundo Adão não veio ao mundo para pecar. Ele veio ao mundo para buscar e salvar os perdidos (Lc 19.10). Não havia nenhuma possibilidade de o Senhor Jesus fracassar em sua missão. Ele, como Unigênito do Pai, o único do gênero (Jo 1.14; 3.16), incomparável, veio ao mundo, na plenitude dos tempos, para remir os que estavam debaixo da lei (Gl 4.4,5). A Bíblia não diz que Ele veio tentar salvar o mundo. Não! Ele veio para salvar o mundo. Ponto.

Jesus nasceu como homem, foi tentado como homem, sofrendo tentações da parte de Satanás e do mundo, foi ferido como homem, sentiu dores como homem, teve forme e sede como homem, foi morto homem... Mas Ele nunca deixou de ser Deus! Ele jamais abriu mão de seus atributos morais: santidade, retidão, justiça, bondade e verdade. Quando Ele disse a um jovem que não era bom, foi com a intenção de revelar a glória do Pai, pois Ele próprio afirmou que é o Bom Pastor (Jo 10.11).

Jesus nunca deixou de ser Deus, a despeito não ter usado, em sua plenitude, atributos exclusivos e incomunicáveis como onipresença e onipotência. Mas Ele falou como Deus inúmeras vezes. Somente Deus pode declarar: “Eu sou a porta”, “Eu sou o caminho”, “Eu sou a verdade”, etc. Somente Deus pode perdoar pecados!

Por conseguinte, o Senhor não foi um homem como Adão ou como nós. Ele foi e é o Homem. Ele é sui generis, diferente de nós e distinto de Adão. Não existem parâmetros de comparabilidade para descrevê-lo. Adão, ao ser submetido à tentação, não suportou, porque era terreno, assim como nós o somos. O Segundo Adão é celestial, o Deus-Homem. Ele venceu como Homem, e não como um humano qualquer. Ele venceu como o Deus-Homem.

Sendo Deus, o Senhor Jesus não teve por usurpação ser igual a Deus, e por isso permitiu que Satanás o tentasse, permitiu que o homens o tentassem. Mas, para quê? Para vencer Satanás, o mundo, não apenas como um homem, mas como o Deus-Homem. Porque, sendo Deus, Ele humilhou-se a si mesmo. Não foi Satanás e o mundo que o humilharam. A obra vicária dEle reside no fato de que Ele “aniquilou-se a si mesmo” e “humilhou-se a si mesmo”. E isso não diminui a sua gloriosa obra expiatória. Pelo contrário, torna-a ainda mais eficaz, pois o Santo em absoluto verdadeiramente padeceu pelos pecadores, tomando sobre si os seus pecados, na cruz (1 Pe 2.24).

Segue-se que o Homem-Deus jamais teve desejo algum por uma mulher! Ele é diferente de nós. Livros e filmes há que apresentam a inviável e blasfema possibilidade de Ele ter desejado possuir uma mulher. E talvez essas obras mundanas estejam influenciando alguns teólogos (mais filósofos do que teólogos) do nosso tempo a afirmar que o “tudo” de Hebreus 4.15 inclui possibilidade de pensamentos picantes, desejos maliciosos...

Jesus foi o único Homem que, de fato, podia conversar a sós durante horas com a mulher mais bela e formosa deste mundo sem sofrer qualquer tipo de alteração em seu estado interior. Já os homens, como criaturas terrenas, possuem em sua natureza o chamado instinto da espécie humana, o que torna impossível não haver a aludida alteração de seu estado interior.


Portanto, a pergunta do irmão Jean foi muito útil para que eu demonstrasse o porquê de insistir em afirmar que a assertiva de que Jesus é 100% homem não é uma mera questiúncula. Trata-se de um bordão teológico (e não uma verdade bíblica) que acaba por torcer, de certo modo, a descrição que a Palavra do Senhor faz do Deus-Homem. Não é por acaso que a Bíblia afirma que a encarnação do Senhor é um mistério (1 Tm 3.16). Por isso, eu considero um pequeno desvio da Palavra descrever a dúplice natureza do Senhor em linguagem matemática. Exemplo similar temos quanto à Trindade: 1+1+1 em matemática é igual a 3. Mas, quanto à tripessoalidade divina esposada nas Escrituras, 1+1+1 é igual a 1.

Espero ter contribuído para o aprendizado de todos.

Em Cristo, o Deus-Homem,

Ciro Sanches Zibordi

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