Faça sua busca aqui.

Romanos 10.14...
"... Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?..."

20 de jan. de 2010

Os males do mercantilismo do Evangelho em nossos dias

Artigo publicado no Mensageiro da Paz, número 1.496, de janeiro de 2010

Houaiss define o mercantilismo como: “a propensão a sujeitar ou relacionar qualquer coisa ao interesse comercial, ao lucro, às vantagens financeiras; teoria e sistema de economia política, dominantes na Europa após o declínio do feudalismo, que, baseados no acúmulo de divisas em metais preciosos pelo Estado por meio de um comércio exterior de caráter protecionista, fortaleceram o colonialismo e proporcionaram o desenvolvimento industrial, com resultados lucrativos para as balanças comerciais”.

O mercantilismo surgiu na Europa, entre os séculos 15 e 16, quando um conjunto de práticas e medidas econômicas começou a ser usado pelos Estados, com os objetivos de unificar o mercado interno e possibilitar importação e exportação entre os países. Nessa mesma época já existia também uma forma de mercantilismo religioso, praticado pela Igreja Católica Romana.



No seu best-seller Uma Breve História do Mundo, o professor Geoffrey Blainey afirma: “A Igreja reuniu cobradores de impostos profissionais e, assim como as pessoas que hoje ajudam a angariar fundos nas instituições de caridade, eles se encarregavam de vender indulgências. (...) Martinho Lutero detestava a prática de venda de indulgências, que nada mais eram que pacotes caros pagos pelo perdão. Em 31 de outubro de 1517, na véspera do Dia de Todos os Santos, um dia importante do calendário, afixou seus protestos em latim à porta da igreja do castelo de sua cidade” (Fundamento, página 185).

O termo “mercantilismo”, quando empregado a respeito de igrejas e líderes pretensamente evangélicos, refere-se àqueles que se valem do Evangelho para obtenção de vantagens financeiras ou lucro, o que é, sem dúvida, uma forma condenável de comercialização.

O mercantilismo do Evangelho é visto no oportunismo de pessoas que se aproveitam da facilidade para abrir igrejas, a fim de ganharem dinheiro de modo igualmente fácil. Em vez de abrirem uma mercearia ou uma padaria, por exemplo, tais exploradores optam pela comercialização do Evangelho. Ignoram que já existem igrejas bem estruturadas, capazes de formar discípulos de Jesus e acolhê-los, e fundam as suas próprias igrejas-negócios.
Os exploradores da fé se aproveitam da liberdade religiosa que vigora no país e da facilidade para abrir uma igreja. São necessários cinco dias úteis e menos de R$ 500,00 em despesas burocráticas para estabelecer uma igreja legalmente, com CNPJ e tudo. É preciso apenas o registro da assembleia de fundação e do estatuto social em cartório.

Infelizmente, boa parte dos programas evangélicos de tevê é mercantilista. Não apresentando conteúdo evangelístico, sua ênfase recai no triunfalismo e na prosperidade meramente financeira, como se isso fosse a prioridade do cristão. Seus apresentadores se valem de mensagens “proféticas” e testemunhos de pessoas que teriam recebido vitórias financeiras, mediante os quais sensibilizam os telespectadores a lhes enviarem vultosas contribuições.

Outro recurso usado pelos mercantilistas do Evangelho é a mensagem de autoajuda, verbalizada mediante a repetição de bordões como: “Ouse sonhar”, “Seja um sonhador”, “Sonhador não morre”, “Não desista dos seus sonhos”. Essa mensagem não se aplica aos servos do Senhor. Às vezes, é preciso desistir de sonhos, ainda que sejam bons, a fim de agradar a Deus. Davi e Paulo, por exemplo, abandonaram seus excelentes projetos (sonhos), para cumprirem a prioritária vontade do Senhor (2Sm 7 e At 16.6-10). “Do homem são as preparações do coração, mas do SENHOR, a resposta da boca”, Pv 16.1.

Nos tempos do Novo Testamento já havia pessoas mal-intencionadas, sem compromisso com as Escrituras, interesseiras e sem temor de Deus que vagueavam pelas igrejas cristãs usando o Evangelho para obter lucro (2Co 11.3-15 e 1Tm 6.9-10). Isso levou o apóstolo Paulo a mostrar aos cristãos de Corinto que ele era diferente desses aproveitadores (2Co 2.17, ARA). Referindo-se aos falsos mestres, o apóstolo Pedro também alertou aos crentes da época e a nós, hoje, sobre os que mercadejam a fé (2Pe 2.1-3).

O mercantilismo do Evangelho consiste no sacrifício das ovelhas em prol de falsos e maus pastores, ao contrário do que disse o Senhor Jesus, em João 10.11: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.

Ciro Sanches Zibordi

Nenhum comentário:

Postar um comentário