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Romanos 10.14...
"... Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?..."

8 de jan. de 2010

ESBOÇO DA LIÇAO N° 2 DO 1 TRI-2010

Igreja Evangélica Assembléia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Ailton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 02 – O CONSOLO DE DEUS EM MEIO À AFLIÇÃO

INTRODUÇÃO

A segunda epístola aos Coríntios é a carta mais pessoal do apóstolo Paulo. Nela, o apóstolo conta suas lutas mais renhidas e suas aflições mais intensas. Nessa carta, Paulo revela seu sofrimento e suas dores mais profundas mais do que em qualquer outra epístola. A lista de seus sofrimentos aparece três vezes nessa carta (II Co 4.7-12; 6.4-10; 11.23-28). Mas, a palavra chave de II Coríntios não é sofrimento, e sim, consolo. Consolo é o grande tema de toda a carta. Ela está cheia, do começo ao fim, de sofrimento que se transforma em júbilo, fraqueza que se transforma em força, e derrota que se transforma em triunfo. A epístola começa e termina com consolo (II Co 1.3; 13) porque o apóstolo tinha a certeza de que “... como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo.” (II Co 1.5).

I – UMA SAUDAÇÃO ESPECIAL E INSPIRADORA

Como era comum em suas epístolas, o apóstolo Paulo inicia a Segunda Epístola aos Coríntios descrevendo a autoria, destinatários e uma breve saudação. Destacaremos alguns aspectos dessa introdução:

1.1 Paulo apresenta-se como representante de Cristo. “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus...” (I Co 1.1a). A palavra “apóstolo” quer dizer “enviado”. A princípio, era considerado apóstolo somente aqueles que pertenciam ao grupo dos doze (Mt 10.2; Lc 6.13; At 1.2). Com a morte de Judas Iscariotes, Matias foi escolhido para substituí-lo (At 1.21-26). Mais tarde, o próprio Senhor Jesus apareceu a Saulo (At 9.1-19), e o comissionou para ser apóstolo dos gentios (At 14.14; Rm 11.13; I Tm 2.7; II Tm 1.11). Embora ele tenha sido chamado depois da morte e ressurreição do Senhor Jesus (I Co 15.8), ele tornou-se o maior evangelista e plantador de igrejas, além de grande teólogo.

1.2 Paulo demonstra convicção do seu chamado “... pela vontade de Deus...” (II Co 1.1b). Era comum, em suas epístolas, o apóstolo demonstrar a convicção do seu apostolado, principalmente pelo fato de algumas pessoas duvidarem de seu chamado. Por isso ele diz: “... pela vontade de Deus...” pois, ele não havia constituído a si mesmo como apóstolo, nem estava desempenhando o apostolado por indicação humana, e sim, pela vontade de Deus (Rm 1.1; I Co 1.1; Gl 1.1).

1.3 Paulo se dirige à igreja de Deus. “... à igreja de Deus...” (II Co 1.1c). O apóstolo deixa bem claro aos seus destinatários que a igreja tem um dono absoluto. Ela é de Deus. Com freqüência, ele considera a igreja como possessão de Deus (I Co 1.2; 10.32;11.16; 15.9; I Ts 2.14; II Ts 1.4). Isso nos faz lembrar de que a igreja não é uma mera associação de indivíduos que pensam de maneira semelhante, mas uma comunidade de pessoas que pertencem a Deus, e com quem desfrutam de comunhão (I Jo 1.3).

1.4 Paulo inclui todos os crentes espalhados pela província da Acaia. “todos os santos em toda a Acaia” (II Co 1.1d). Paulo menciona como destinatários, não só os cristãos em Corinto, como também os de toda a Acaia, que era uma província romana que incluía a antiga Grécia. Paulo os denomina de “santos”. A palavra grega utilizada pelo apóstolo é “hagios” e significa “santo” ou “aquele que se separa do mal e dedica-se ao serviço divino”. Devemos lembrar que este termo não traz a idéia romana de canonização; e sim, refere-se ao fato de que todos os crentes são chamados por Deus para serem separados do pecado e para sua possessão especial.

1.5 Paulo roga bênçãos excelentes para a igreja. “Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (II Co 1.2). Os termos “Graça” e “paz” era comum nas saudações paulinas (Rm 1.7; I Co 1.3; Gl 1.3; Ef 1.2). Essas duas bênçãos sintetizam a essência da salvação. A graça é a causa da salvação; e a paz o resultado dela. A palavra grega “charis”, que significa “graça”, refere-se ao dom imerecido de Deus que foi demonstrada pelo envio de seu Filho ao mundo a fim de efetuar a salvação da humanidade (Rm 5.18; II Co 8.9; Tt 2.11). Já a palavra grega “eirene”, que significa “paz”, traz a idéia de “bem-estar” ou “quietude”. Na Bíblia, paz não significa apenas ausência de guerras e conflitos, e sim, a profunda quietude do coração firmada na convicção de que Deus está no comando de todas as coisas. As Escrituras afirmam ainda que a paz é um dos aspectos do fruto do Espírito que se manifesta no crente (Gl 5:22); que a paz resulta da justificação (Rm 5:1); e que Cristo é a nossa paz (Is. 9:6; Jo 14:27; Ef 2:14).

II – QUEM É DEUS?

Depois de sua saudação inicial, o apóstolo Paulo escreve uma ação de graças pelas consolações que Deus lhe concedeu, fazendo três declarações acerca de Deus. Vejamos:

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação” (II Co 1.3).

2.1 Deus é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O apóstolo Paulo afirma, em primeiro lugar, que Deus é pai do Senhor Jesus. O próprio Deus testificou esta filiação por ocasião do batismo de Jesus (Mt 3.17; Mc 1.11) e de sua transfiguração (Mt 17.5; Mc 9.7). Quando o apóstolo revela que Deus é o pai do Senhor Jesus, está, na verdade, revelando aos crentes em Corinto, a dimensão da obra de Cristo, pois, é por causa de Jesus Cristo que podemos chamar Deus de “Pai” (Mt 6.9), e nos aproximar dele como seus filhos (Jo 1.12). Deus vê em nós seu Filho e nos ama como ama seu Filho (Jo 17.23).

2.2 Deus é o Pai de misericórdias. A expressão “pai de misericórdias” não significa apenas “pai misericordioso”, e sim, a fonte inesgotável de todas as misericórdias; pois, misericórdia é um atributo moral de Deus, e todas as misericórdias têm sua origem em Deus, e só podem ser recebidas dele. O profeta Jeremias diz: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22). A Bíblia fala da riqueza das misericórdias de Deus (Sl 5.7; 69.16); da multidão das suas misericórdias (Sl 51.1); e da grandeza da sua misericórdia (Nm 14.19).

2.3 Deus é o Deus de toda consolação. Não há consolação verdadeira, profunda e eterna, a não ser em Deus. Dele emana toda sorte de consolo para nossas vidas, pois, somente em Deus nossa alma encontra abrigo e refúgio. Deus não é uma fonte passiva de consolo, mas o agente ativo de toda consolação. É Deus quem nos conforta e nos anima em toda a nossa tribulação (II Co 7.4-6; Fp 2.1; II Ts 2.16).

III - AFLIÇÃO E CONSOLO

Depois de fazer as três declarações acerca de Deus, o apóstolo Paulo exorta os cristãos de Corinto acerca da consolação. Vejamos o que ele diz:

3.1 Deus nos consola em toda a nossa tribulação (II Co1.4a). O fato de sermos cristãos não nos isenta de tribulações. O próprio Jesus disse: “...no mundo tereis aflições...” (Jo 16.33); e, o próprio apóstolo Paulo sabia muito bem o que era padecer, pois enfrentou diversas aflições e tribulações, tais como: perseguições, açoites, prisões, apedrejamentos, naufrágio, fome, sede e muitos perigos de morte (II Co 11.23-29). Mas, ele tinha a convicção que, em meio às aflições, podia contar com o consolo divino. Por isso, ele diz: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (II Co 4.8,9).

3.2 Somos consolados para também consolarmos a outros. Acerca disso, Paulo diz: “...para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação...” (II Co 1.4b). Isto nos ensina que somos consolados para sermos consoladores; não somos confortados para vivermos confortáveis, mas para confortarmos a outros. Nossas angústias têm um propósito, e nossas feridas tornam-se fontes de consolo. Nossas lágrimas tornam-se óleo terapêutico; nossas experiências, instrumentos de encorajamento para outras pessoas. As dificuldades que Paulo enfrentou não foram uma forma de castigo por algo que ele havia feito, e sim, um treinamento para capacitá-lo a ajudar a outros.

3.3 Devemos consolar com a mesma consolação que somos consolados. O apóstolo diz que devemos consolar “... com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus” (II Co 1.4c). A palavra “consolar” aqui é “paraklesis” e significa “colocar-se ao lado de uma pessoa , encorajando-a e ajudando-a em tempos de aflições”. Deus, muitas vezes, permite que haja aflições em nossas vidas, a fim de que, tendo experimentado seu consolo, possamos consolar a outros, com a mesma consolação que recebemos dEle. O apóstolo aprendeu, nas suas muitas aflições, que nenhum sofrimento, por severo que seja, impede que consolemos a outros. Ele mesmo diz que foi consolado pelos coríntios: “Por isso fomos consolados pela vossa consolação...” (II Co 7.13).

IV – O QUE O APÓSTOLO ENSINA SOBRE O SOFRIMENTO E CONSOLAÇÃO?

Diversas vezes nesta Epístola, Paulo ressalta que a vida cristã envolve sofrimento e consolação divina. A palavra “consolação” e seus derivados aparecem dez vezes nos versículos 3 a 7, e 29 vezes em toda a epístola. Vejamos alguns exemplos:

4.1 Deus permite o sofrimento na vida de seus filhos. “Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo” (II Co 1.5). Os “sofrimentos de Cristo” significa, os sofrimentos suportados por causa de Cristo. Existe determinados tipos de sofrimentos que enfrentamos exatamente porque pertencemos a Cristo. Por isso Paulo diz: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). Paulo já havia suportado muitas provações e sofrimento por causa de Cristo e de sua obra. Ele já havia sido insultado (At 13.45); foi objeto de planos de assassinos (At 14.5); foi apedrejado (At 14.19,20), açoitado e lançado em prisão (At 16.22,23). Por isso, ele tinha convicção que em sempre Deus nos livra do sofrimento; mas nos socorre no sofrimento.

4.2 O nosso sofrimento produz consolo e salvação para outros. “Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação...” (II Co 1.6). Paulo nos ensina que as provações que sofremos por Cristo e pelo evangelho podem abrir portas de salvação para outras pessoas. Assim como suas cadeias e tribulações pavimentaram o caminho para a evangelização dos povos; e a prisão, tortura e morte de milhares de cristãos durante os anos da perseguição romana fez com que a mensagem do evangelho se espalhasse por todo o mundo

4.3 Não estamos isentos do sofrimento, mas temos a convicção do consolo divino. “A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação” (II Co 1.7). Paulo nos ensina que o crente bebe tanto o cálice do sofrimento como a taça da consolação. Ele nem sempre é poupado das feridas; mas também recebe o óleo do consolo. Ser cristão não é ser poupado das provas, dos vales, dos desertos, das fornalhas, das covas dos leões, das prisões ou da morte. Mas ser crente é ser confortado em todas essas circunstâncias adversas. Por isso ele diz “Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em todas as nossas tribulações” (II Co 7.4).

CONCLUSÃO

Ao lermos a segunda epístola aos Coríntios, compreendemos que a vida cristã não nos isenta de aflições e tribulações. Ao contrário do que prega e ensina a teologia da prosperidade, o cristão enfrenta neste mundo muitas adversidades. Mas, em meio as aflições que enfrentamos no dia-a-dia, podemos obter o consolo de Deus, por meio de Cristo. É por esta razão que o apóstolo Paulo escreve aos tessalonicenses, dizendo: "E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, Console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra” (II Ts 2.16,17).

REFERÊNCIAS:

· Bíblia de Estudo Pentecostal. Donald C. Stamps. C.P.A.D. · 2 Coríntios, O Triunfo de um Homem de Deus Diante das Dificuldades. Hernandes Dias Lopes. HAGNOS. · II Coríntios, Introdução e Comentário. Colin Kruse. VIDA NOVA. · I e II Coríntios, Os Problemas da Igreja e Suas Soluções. Stanley M. Horton. C.P.A.D.

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