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Romanos 10.14...
"... Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?..."

13 de out. de 2010

Como o voto evangélico levou o tema aborto à pauta das revistas semanais e influencia nova reflexão sobre o assunto na imprensa




Até antes do resultado do primeiro turno das eleições, a imprensa secular e boa parte dos partidos políticos não estavam dando tanta importância ao voto evangélico, mesmo depois do que este já demonstrara no primeiro turno do pleito de 2002 e apesar dos evangélicos representarem hoje provavelmente 25% do eleitorado. Entretanto, ao emergirem das urnas os resultados do pleito de 3 de outubro, tudo mudou. O diagnóstico apontado foi quase unânime: o voto evangélico pesou, e pesou bastante. Se é verdade que o fator Marina levou a disputa presidencial para o segundo turno, também o é que o voto evangélico foi o fator que alavancou a campanha de Marina. Ou seja, em última análise, não houve uma “onda verde”, mas uma “onda evangélica” mais uma vez.
Antes da mobilização evangélica, Marina estava com seus 7% a 8% dos votos, mesmo com o início da propaganda eleitoral. Porém, com o início da campanha pró-Marina por parte dos evangélicos nos últimos 15 dias antes do dia 3 de outubro, ela foi subindo nas pesquisas, oscilando de 10% para 12%, e depois para 14%, e por fim para 17%, fechando com quase 20% quando as urnas foram abertas. Algo semelhante aconteceu na campanha presidencial de 2002, quando nos últimos 10 dias para a votação, a “onda evangélica” levou Garotinho de 9% para 18%.
É verdade que uma pesquisa Datafolha feita recentemente, logo após o primeiro turno, revelou que a maior parte das pessoas que mudaram de voto, optando de última hora por Marina ou Serra em vez de Dilma, o fez mais por causa dos escândalos envolvendo a Casa Civil do que pelo pedido de pastores ou padres. Só que é importante lembrar que entre os votos que foram para Serra e Dilma nas últimas horas antes da votação também estavam os dos indecisos, dentre eles evangélicos. Ademais, o dia-a-dia das campanhas já havia mostrado o crescente descontentamento com Dilma por parte dos evangélicos.
A revista Veja desta semana (edição 2.186, de 13 de outubro), por exemplo, conta que “Semanas antes do primeiro turno, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), então candidato à reeleição, procurou os coordenadores da campanha da petista para adverti-los de que sua equipe havia verificado a existência de uma rejeição crescente de Dilma entre o eleitorado cristão, influenciado por pastores e padres que passaram a pregar contra a candidata por suas declarações favoráveis à descriminalização do aborto. Outros três candidatos a governador pelo PT fizeram o mesmo. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chegou a avisar que eleitores da Baixada Fluminense, reduto evangélico do Rio, se recusavam a pegar panfletos em que ele aparecia ao lado de Dilma. Ninguém na campanha petista lhes deu ouvidos. Afinal, todas as pesquisas mostravam que Dilma venceria tranquilamente no primeiro turno”. Isto é, a campanha petista achava que o voto evangélico não tinha peso suficiente para ameaçar sua eleição, um engano gigantesco.
Agora, depois do resultado das urnas, não só o PT reconhece isso como os políticos, de forma geral, estão definindo suas pautas e campanhas observando também, com muita atenção, o que pensam os evangélicos, algo que haviam esquecido desde as eleições de 2006, quando o voto evangélico não pareceu ter influência nenhuma.
Até mesmo Marina Silva ficou impressionada com a força do voto evangélico. Na entrevista à revista Época desta semana, ela afirma que até então nem pensava que o tema aborto tinha tanto apelo no Brasil. Diz ela que achava que o movimento pró-vida só era forte nos Estados Unidos, e conclui dizendo que este “fenômeno no Brasil” precisa ser melhor analisado. Ou seja, os grandes formadores de opinião do país, que são, em sua esmagadora maioria, pró-descriminalização do aborto, pró-“casamento” homossexual, pró-legalização da maconha e pró-adoção de crianças por homossexuais, conseguiram fazer com que muita gente influente em nossa nação caísse na história da carochinha de que a sociedade brasileira já aceita normalmente seus ideais absurdos de “mundo melhor”. E isso mesmo depois de seguidas pesquisas Datafolha e Ibope, e outras, terem demonstrado reiteradamente nos últimos cinco anos que a maioria dos brasileiros é contra a descriminalização do aborto (antes 68%, agora 71%), contra a legalização da maconha (76%), contra a adoção de crianças por “casais” homossexuais (52%), contra a união civil homossexual (45%) e contra a prática homossexual, considerando-a pecado e não-natural (92%).
Curioso também é ver a revista Veja, que tradicionalmente sempre mostrou-se simpática à descriminalização do aborto, de repente manifestar-se contra, mas não porque considere o embrião ou feto uma vida – se não estaria traindo seu antigo discurso. Veja apresenta razões econômicas para se posicionar assim. Sim, é isso mesmo que você leu. Ao final da matéria assinada pelas jornalistas Adriana Dias Lopes e Laura Ming, intitulada Voltamos à pergunta: Quando começa a vida?, da edição já mencionada, desta semana, é dito que “A legalização pura e simples do aborto não é uma questão simples. Para além dos aspectos religiosos, morais e científicos, o sistema público de saúde brasileiro não tem a menor condição de realizar a contento as cirurgias de curetagem na quantidade que seria exigida caso elas fossem legalizadas sem nenhuma precondição. Faltam infraestrutura adequada e dinheiro. O custo de uma curetagem é de 180 reais. Multiplique-se isso por, no mínimo, 1 milhão de cirurgias, e se tem um rombo ainda maior nas contas estatais. Sai mais barato fazer campanhas educativas em favor da contracepção”.
Veja achando melhor não legalizar apenas por questões meramente econômicas? Não seria essa nova posição mais uma demonstração do poder de influência que há no surgimento de ondas contundentes de manifestações conservadoras cristãs, que podem até mesmo influenciar os principais veículos de comunicação, que antes viviam entrincheirados em favor do liberalismo social, sem ceder um milímetro sequer de atenção à argumentação conservadora, vista como “arcaica”, “atrasada” etc? O que não faz o peso do voto cristão nas urnas, não é mesmo?
Aproveitando: Na aludida matéria, Veja reafirma a velha máxima pró-aborto de que não há consenso em relação a quando começa a vida humana. Bem, digamos que isso seja absolutamente verdade; digamos que haja mesmo uma divergência científica séria nesse assunto, ou seja, que as opiniões dos cientistas pró-aborto não se devam necessariamente à sua cosmovisão naturalista, mas a sérias dúvidas científicas mesmo, apesar das fortíssimas evidências. Ok. Acontece que quando há dúvida, a prudência manda não ir adiante. Os pró-aborto, porém, invertem a lógica: "Na dúvida, ultrapasse! Vá adiante!”.
Vejam que coisa: Se um caçador encontra um animal na floresta, ele atira; se percebe que o que encontrou é, na verdade, um homem, e não um animal, não atira; e se não tem certeza, pela posição onde está, que o seu alvo trata-se de um animal ou de um ser humano, não atira.
Se o caçador seguisse o critério da turma pró-legalização do aborto, mesmo na dúvida, atiraria. Ou seja, o caçador mais “cascudo” é mais ético do que o mais sensível humanista pró-aborto.

Um comentário:

  1. Olá!
    Gostaria de compartilhar um artigo que vi no blog do político Everaldo Pereira, do PSC. É sobre o aborto e achei bem interessante: http://bit.ly/16xKihf.

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