Polícia nigeriana continua patrulhando região onde cerca de 500 cristãos foram mortos por mulçumanos
Por Rodrigo Ribeiro Rodrigues
10/03/2010 11:56h
As tropas nigerianas patrulhavam nesta terça-feira os vilarejos da região de Jos, centro do país, em um ambiente de enorme tensão dois dias depois do massacre de pelo menos 500 cristãos, mortos a golpes de facão e queimados vivos por criadores de gado muçulmanos.
A tensão é percebida nos vilarejos traumatizados, que enterram desde domingo os mortos. Muitas vítimas eram mulheres, algumas grávidas, e crianças.
"Vamos nos vingar", afirmou um jovem durante um sepultamento na segunda-feria em Dogo Nahawa, uma das três aldeias atacadas. Um jornalista muçulmano que cobria um funeral quase foi linchado.
Segundo uma fonte militar, um soldado morreu na segunda-feira em Bukuru, a 20 km de Jos, quando tentava acalmar os jovens cristãos que planejavam represálias.
O Exército enviou soldados à região, que está em alerta máximo desde a noite de domingo por ordem do presidente interino Goodluck Jonathan.
A região já estava sob toque de recolher das 18h00 às 6h00 desde o episódio anterior de violência, em janeiro, quando mais de 300 muçulmanos morreram nas mãos de cristãos.
Desta vez os criminosos, segundo os sobreviventes e as autoridades locais, eram criadores de gado nômades muçulmanos da etnia fulani que mataram cristãos sedentários da etnia berom.
O toque de recolher não impediu os ataques do fim de semana que, segundo vários sobreviventes, duraram três longas horas durante as quais as forças de segurança nigerianas não atuaram. A passividade aprofundou o debate sobre a impunidade nesta região, onde a violência é recorrente.
"Não confiamos nas Forças Armadas nigerianas responsáveis pela segurança do estado de Plateau", afirmou o Fórum dos Cristãos do Estado de Plateau.
As autoridades nigerianas responderam às acusações com o anúncio de prisões. Segundo o ministro de Informação do governo local, Gregory Yenlong, 95 suspeitos de participação no massacre foram detidos.
O presidente interino Goodluck Jonathan demitiu o assessor de Segurança, general Sarki Mukhtar, após uma reunião do Conselho Nacional de Segurança na noite de segunda-feira em Abuja.
"Este tipo de violência provocou milhares de mortes no estado de Plateau durante a última década, mas ninguém foi considerado responsável", completa a nota da organização de defesa dos direitos humanos.
O principal partido da oposição nigeriana, o Action Congress (AC), pediu "ações concretas para acabar com o ciclo de impunidade, ao invés de lágrimas de crocodilo".
Segundo o AC, 5.000 pessoas morreram desde 2001 em atos violentos na região de Jos.
O estado de Plateau, situado entre o norte de maioria muçulmana e o sul, habitado sobretudo por cristãos, é cenário frequente de violência religiosa ou étnica.
Fonte: AFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário